A cada cinco bares e restaurantes brasileiros, um acredita que vai falir nos próximos 12 meses. O pessimismo dos empresários do setor alimentício vem das contas: 34% das empresas do segmento afirmam estar operando em prejuízo. Há um ano, apenas 15% delas fechavam as contas no vermelho.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 14, pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) na Feira Internacional de Produtos e Serviços para Alimentação Fora do Lar (Fispal Food Service). Ainda segundo o levantamento, o setor deve terminar o ano com 250 mil empregos a menos.
Para o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci Júnior, a crise nas empresas de alimentação chegou ao momento mais crítico no primeiro trimestre deste ano, quando a pesquisa foi realizada. "Elas não estão conseguindo repassar os aumentos nos custos para os clientes".
Enquanto 79% dos bares e restaurantes dizem que os custos operacionais estão subindo acima da inflação, os preços dos produtos foram reajustados abaixo da alta média dos preços no primeiro trimestre. "É a primeira vez que isso acontece em uma década", diz o presidente da Abrasel.
No Nordeste, a situação foi ainda mais grave. A região foi a única do Brasil que abaixou os preços, ao invés de aumentar. A média nacional de reajuste no setor foi de 1,33%, metade da inflação no período medida pelo IPCA. No Nordeste, os preços caíram em 0,28% nos primeiros três meses do ano.
A perspectiva dos empresários para o futuro não é de melhora. A maioria dos donos de bares e restaurantes, 66%, acredita que as perdas em 2016 serão maiores que as do ano passado. Apesar disso, Solmucci afirma que o cenário não deverá ser tão ruim. "O pessimismo dos empresários está contaminado pelo sofrimento que estão passando".
Para o presidente da Abrasel, uma em cada dez empresas deve fechar no ano. A previsão dos empresários é de uma em cada cinco. Para as que continuarem no mercado, diz Solmucci, deve haver melhora, já que concorrentes terão fechado as portas.
Já há bares e restaurantes que têm se favorecido com a crise econômica. As empresas em faixa de gasto médio de clientes de até R$ 15 cresceram em faturamento em até 15% no primeiro trimestre. As que contam com gasto médio dos clientes de R$ 25 e R$ 70 sofreram queda de faturamento de até 30%. "As pessoas estão trocando refeições por um salgado", diz o presidente da Abrasel.
Fonte: A Tarde